Dez anos

Quem diria. Quem diria que dez anos passassem assim a correr, Pai. Quem diria que estaria aqui a escrever esta pequena homenagem dez anos depois de ter ouvido o teu último suspiro nos meus braços, ter sentido o teu coração a parar e ter visto o meu mundo a desmoronar numa fracção se segundos.

Mas esta tua homenagem não é para ser triste, apesar de tudo, detestavas ver a tua menina a chorar. Só gostava de ter a oportunidade de ter dez minutos para te abraçar e dizer que te amo, e que sempre te irei amar. Não há palavras que descrevam o buraco que senti, que sinto e que sempre sentirei por ter perdido alguém tão importante na minha vida, alguém que não prescindira por nada neste mundo, alguém, alguém como tu Pai. 

As memórias felizes permanecem na minha mente. Todos os momentos em que uma gargalhada escapava delicadamente pelos teus lábios enquanto os teus olhos se enchiam de orgulho quando me dizias que eu era a tua menina. 

Dez anos passaram e a tua menina permanece menina. Com 24 anos não sei se sou o que desejavas que eu fosse, mas eu dou o meu melhor para ser feliz com o que tenho e por ter tido a oportunidade de ter tido um Pai como tu. Sei que um dia te encontrarei de novo, e ai terei a oportunidade de te contar todas as aventuras que fui obrigada a passar sem ti. Os medos que tive que enfrentar, a forma rápida que tive que crescer, e como superei depressão após depressão. Mas estou cá Pai, pela Mãe e por quem me ama, eu estou cá e vou continuar a ser a tua menina. 

A vida pode ter-me tirado o teu corpo, mas jamais tirará a tua memória do meu coração. Prometo. Nunca me esquecerei do homem que eras e o quanto lutavas. Tenho coisas de ti, e fico tão feliz por as ter. 

És, e sempre serás o meu primeiro grande amor, o meu herói...o meu Pai!  

Da tua filha que sempre te amará,

Sónia.